terça-feira, 23 de outubro de 2012

Barquinho

Lá vem de longe um barquinho
Perdido entre oceanos
Vem de mansinho
Trazido pelas águas
Águas limpas e calmas
Soando serena.
 
Vejo-o de longe dando sinal
É um ponto em meio ao amarelo
Pôr do sol banhando as águas
Parecendo ouro ao brilhar
Deixando aquele barquinho
Mais simples diante da grandeza
No entanto se faz poesia
Constroem-se rimas
Em sua madeira velha.
 
Nada mais é
Do que um barquinho
Que vai embora
Tão de mansinho
Assim como chegou
Arrastado e humilde
Pela grandeza das águas
Pela suavidade dos ventos.
 
E lá se vai...
Mais um barquinho
Perdido na mansidão.

-Ayllane Fulco

Andarilho

Teu jeito leviano
De que nada quer
Me deixa beirando
Corda bamba aos pés.
 
Tu és andarilho
Ora cá, ora por lá
Sem nenhum vestígio
Acolhe-se ao vagar.
 
Pássaro em mãos
Livre ao pousar
Bate asas e voa
Parte,vai embora.
 
Mas quando somos dois
Viramos dança
Batuques e tamborins
Compondo um samba.
 
Este “nós” de tantos nós
Que se desatam
Quando um vai embora
Ficando só na memória.
 
Mas mantenho os olhos aos céus
Esperando que tu voltes
Aqui pros braços meus
Esse canto que é só teu.

Ayllane Fulco

domingo, 21 de outubro de 2012

Querida morte,

Seja bem vinda querida morte
Tu que me soa tão convidativa
Para deitar-me eu teu leito
Esse macio, profundo e sereno.
 
Chama-me pelo nome
Tentando desviar meus pensamentos
Esses que me assolam pelos cantos
Perfura meu âmago.
 
Querida companheira
Que me visita nas noites frias
As nossas conversas silenciosas
Ora coragem, ora um adeus.
 
Mas pode entrar
Ela sabe que não precisa de convite
Nem mesmo de permissão
Entra pela porta sem bater.
 
Vejo-a sem surpresa
É como um suspiro guardado
Aquele último que permanece
Tão sereno em minha garganta.
 
E mais uma vez ela se vai
Cabisbaixa, triste pelos cantos
Resmungando que sou teimosa
Que insisto, ainda, em sofrer.

Ayllane Fulco
(Poema inspirado por uma pessoa próxima a mim)

sábado, 20 de outubro de 2012

Mais um adeus

Em quantas faces
Você está perdido?
Em quantas palavras
Soam mentiras?
E quando diz que me quer
É apenas por dizer?
Qual o sentido então
De lhe querer tanto?
Qual a razão de fazer juras
E depois sumir?
Quando estou partindo
Por que segurar em minha mão
E dizer não parta?
Se nada quer, então me deixa
Deixa-me aos ventos
Livre, sem pretensões vãs
Porque hoje eu só quero ir
Por onde meus pés me levarem
Sem tuas falsas promessas
Sem tua presença momentânea
Meu bem é só isso, apenas um adeus,
Um peso de nostalgia
Que cai de meus ombros
Taciturnos.

Ayllane Fulco

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Boca

Com a boca
Recito os versos
Doces ou azedos
Que fiz para ti.
 
Com a boca
Digo que o amo
Declamo
Em sonetos.
 
Com a boca
Faço-me segredos
Estreitos
Medos.
 
Com a boca
Suplico amor
Lanço ciúmes
Falo da dor.
 
Com a boca
Beijo-lhe a sua
Em silêncio
Alento.
 
Com a mesma boca
Laço-me em mentiras
Ora digo que amo
Ora digo que o esqueci.

Ayllane Fulco

Ouro de tolo

Hoje não quero bailar entre luar
Ter-lhe como centro meu
Busco um canto para refugiar
Esquecer-se dos meus olhos nos seus.
 
Não me convide para o festejo
Pois toda a alegria se fora
Junto com todo meu enlevo
Restando-te apenas na memória.
 
Mas essa sempre me perturba
Leva-me ao ranger dos dentes
Com recordações tuas
Incrustadas na mente.
 
Tu que és ouro de tolo
Transformei-o num colar
Pensando ser tesouro
Mas não passava de mero brilhar.
 
Numa mão desfiz o laço
Que me prendia a ti
Feito um livre pássaro
Deixei-o a vagar por aí.
 
Ayllane Fulco

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Poesia Fulco

Fui convencido que a alegria existe
Ausente nos momentos mais sublimes
Ou presente nos momentos de abraços,
Fui convencido por sorrisos firmes

Fui convencido de que nada se iguala a boa amizade
Seja ao lado ou de outro lado
A amizade é vital na felicidade
A amizade nesta cidade alivia qualquer fardo.

Fui convencido que a saudade...
Não, ainda não fui convencido sobre a saudade!
Ninguém se convence em sobreviver a ela
Saudade sempre será a antítese de liberdade.

Fui convencido de que gosto de ouvir: Fulco!
Fui convencido pelos nossos amigos ao sorrir...
Fui convencido da felicidade por você existir
Fui convencido,
Fulco!

César Vasco (um grande amigo *-* )

sábado, 6 de outubro de 2012

Desencotro

Eis que os olhos
Comprimidos e molhados
Entre momentos apaixonados
Deixa de lado o passado
Tornando-se infindável.
 
A valsa de faces misteriosas
Baila entre nós dois
Ora um passo em falso
Um deslumbramento
Um desencontro.
 
Seus momentos de desaparição
Deixa-me desnorteada
Feito bússola atrapalhada
Sem rumo, sem vista
Avista de uma pista.
 
E quando tu surges
Em meio ao desencanto
Eu finjo que não me encanto
Com tua tão almejada presença
E minha ávida esperança
Que tu não notes meu apogeu.

Ayllane Fulco