segunda-feira, 11 de julho de 2011

Respira, inspira, transpira

Respira, inspira, transpira... Inspiração
Tudo me foge do tato, do olfato e audição
Não me resta nada, apenas dizer o nada
Que me corrói por inteiro
Feito sombra costurada aos pés
Não me abandona
Nunca me deixa só
É a única palavra que me resta
E não podem roubá-la em mim

Enquanto eu não tiver nada, terei tudo
Pois quando tenho muito, me sinto com nada
E quando me resta algo, eu permaneço vivo
Sentindo, sofrendo
Mas quando me satisfaço
Já não vejo sentido em mim
Ou até mesmo interesse de viver
Idealizo-me por completo
Perco o significado da vida.

Todos sonham com tudo
E quem tem “tudo” sente falta de ter falta
Quem há de explicar tamanha ironia?
Mendigo as migalhas do silêncio
Quando estou só, sinto que não há como perder quem não tenho

Vivo trapaceando os sonhos da população
Faço graça, piada com teu choro
Que mal há no nada?
Se pudesse ao menos permanecer calado
Ouvindo, respirando, farejando o nada
Saberia do que estou falando
E do que sinto quando estou frente a frente comigo mesmo
Sem interrupções, propagandas, intervalos, maquiagem
Com nada, nada, nada... É tudo o que preciso.

Ayllane Fulco

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