Por que recusas o leite com tanto desdém?
Fora o mesmo que te saciou nos prantos
Os olhos que hoje te cobiçam
São os mesmos que te afroitas.
Sabes tu que és meu remorso
Foi tu o motivo do meu definhar
E agora sou eu pra ti uma pedra
Jogada, escancarada no meio do caminho.
Mas filha, ai de compreender
Que as noites de relâmpago sozinha
O frio amortiçado
E o saciar da fome negado
Eu já te perdoei sem teres me pedido perdão.
Lança-me ao mesmo tempo em que me acusas
Perfura minha carne com um punhal
Que me atravessa o peito sem arrependimento
Mas não é pior que tua rejeição
A minha insignificância (e esquecimento) perante a ti.
Ayllane Fulco
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